Por Daniel R. Schnaider, Wisefy
O General Dwight D. Eisenhower, líder militar e 34º Presidente dos Estados Unidos disse: “Não será difícil provar que batalhas, campanhas e até mesmo guerras foram vencidas ou perdidas principalmente por causa da logística”. Mas como podemos traduzir isso para os negócios?
Tim Cook, CEO da Apple e reconhecido por sua expertise em cadeia de suprimentos antes de se tornar diretor-executivo da gigante de tecnologia, enfatizou: "Você pode ter a melhor ideia do mundo, mas se você não conseguir levá-la ao mercado, você não tem nada. A cadeia de suprimentos é tudo".
Já Jeff Bezos, fundador da Amazon, destacou a importância da eficiência logística para o sucesso do e-commerce: "Precisamos inovar e otimizar nossa logística e cadeia de suprimentos para continuar surpreendendo e satisfazendo nossos clientes.”
Essas afirmações comprovam a importância que grandes militares, executivos e empreendedores dão à logística. Então, por que certas empresas não conseguem traduzir este diferencial para ações concretas?
No mundo frenético em que vivemos hoje, o tempo é escasso na sociedade; mas a solução está na própria cadeia logística. Como exemplo, muitos de nós pagamos preço dinâmico ao pedir um veículo de aplicativo em horário de pico, passagem aérea de última hora, entrega rápida em aplicativos de comida e de comércio eletrônico. Isso, em minha opinião, serve para comprovar a tese de que o cliente não tem apenas interesse no produto ou serviço, mas em uma experiência completa.
Possivelmente, o primeiro problema que empresas enfrentam ao não tratar a cadeia como algo estratégico está relacionado a forma que gerem a área de produto. Uma vez que empresas são organizadas em silos, a área de produto tem pouca influência sobre outros departamentos, entre eles a área operacional da empresa, responsável pela logística inbound e outbound. O resultado é que o mero objetivo é a entrega do produto e serviço (custo), mas não como uma fonte de diferencial estratégico, fonte de receita e rentabilidade (valor).
O segundo ponto que podemos ressaltar está relacionado ao investimento necessário em tecnologia para tornar a cadeia de fato estratégica. A declaração da cadeia de suprimentos como ativo estratégico da empresa, sem visibilidade da rede como um todo e dados de qualidade em tempo real, é contraditório por si só. Processos manuais são substancialmente ineficientes comparados a recomendações da inteligência artificial que pode reduzir custos e tornar a cadeia mais competitiva por meio da gestão autônoma.
Mesmo as empresas mais automatizadas no mundo, ainda dependem de seres humanos para realizar funções primordiais. Assim chegamos ao nosso terceiro ponto, treinamento e cultura. Veja a mudança de paradigma possível entre duas empresas hipotéticas. a) “Fechamos a venda para cliente XPTO, envie o pedido para operações realizaram a entrega”. b) CEO para a área de produto - “Vejam que mudanças podemos realizar nas áreas relacionadas a cadeia de suprimentos para aumentar vendas, rentabilidade e a satisfação do cliente (medida por compras repetidas e indicações)”. O resultado é a entrega do produto, serviço ou coleta do insumo; porém a forma de execução difere na maximização de valor ao cliente.
O quarto e último está em uma rede de parceiros robusta. Cadeias exigem a interação com diversos fornecedores em tempos e locais diferentes. Seu preço, qualidade do produto, prazo de entrega podem estar vinculados aos fornecedores de sua cadeia. Explico: um caminhão voltando vazio de um entrega pode oferecer um preço mais atrativo se comparado a outro fornecedor contratado especificamente para um único trecho. O envio de ovos, louça ou vidro realizados através de vias esburacadas, compromete a qualidade do produto entregue a seu cliente, bem como atrasos sistêmicos comprometem sua marca, geram multa e perda de credibilidade.
Muitas empresas procuram novos produtos, outras procuram novos territórios para expandir, realizam campanhas e promoções para aumentar vendas, investem em marketing e relações públicas; todas ações legítimas. Porém, às vezes o diferencial que a empresa precisa para maximizar seu valor aos acionistas é bem mais simples. Trate a cadeia de suprimentos como parte integral do seu produto, da experiência que quer para seu cliente final.
Reconhecer e valorizar a cadeia de suprimentos como um componente essencial não apenas otimiza operações, mas redefine a entrega de valor, transformando-a no diferencial silencioso que distingue os líderes do mercado.
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